Eu sou aquele pedaço de vida que não se explica, Que se agita no silêncio das horas, Que guarda o peso e a leveza, Que se perde e se encontra, Sem nunca entender exatamente o que é. Sou a dor e o riso que me acompanham Como se fossem meus próprios passos. Caminho pelas brechas do tempo, Às vezes correndo, outras vezes, me arrastando. Mas sou, acima de tudo, um reflexo De algo que pulsa, sem saber ainda o quê. Fui feita de pedaços de histórias não contadas, De amores e perdas que ficaram nos cantos da alma. Não busco respostas, mas me enfrento com a verdade Que, mesmo às cegas, se desenha em mim Como uma palavra ainda não dita. E quem sou eu, afinal? Talvez só uma tentativa de existir, A espera do próximo recomeço, Que vem sempre, sem avisar, Com a suavidade de quem já sabe o fim, Mas se permite ser.
Há um ritual que se repete silenciosamente em milhões de lares, escritórios, esquinas e corações: o café. Quente, forte, amargo ou adoçado, ele é mais do que uma bebida — é uma pausa, uma promessa, um suspiro do cotidiano. O café carrega em si uma espécie de magia. É o primeiro gesto do dia, o despertar das almas cansadas e das máquinas silenciosas. Antes mesmo do pão ser cortado, a água ferve na chaleira, e o aroma inconfundível se espalha pela casa. Ali, naquele instante, o café não é só um líquido escuro; é uma ponte entre o que fomos ontem e o que podemos ser hoje. Na padaria, o cafezinho é um pretexto para encontros fugazes e conversas demoradas. “Um pingado, por favor.” E pronto, o silêncio se dissolve, as línguas se soltam. Falamos do clima, das notícias, das pequenas tragédias da vida. Com o café na mão, as palavras fluem com mais calor, como se a bebida nos lembrasse da força que vem de dentro, de um grão triturado para virar energia. Mas o café não é apenas de festa. Ele é o ...
Punhal cravado no peito, ferro frio, aço amargo. Cada segundo é uma lâmina roçando a carne viva da ausência. Grito rouco no vazio — quem ouve? Quem sente? A saudade rasga, mordaz, como bicho faminto, que dilacera o coração em busca do que não volta. São unhas sujas cavando lembranças, um relógio que sangra os minutos, uma tortura sem intervalo. E a solidão? Cão selvagem rondando a noite, com olhos de aço e dentes de escuridão. Não há fuga, não há abrigo, só o eco da tua falta correndo pelos labirintos do meu peito. E o punhal, sempre ali, brilhando, sorrindo, prometendo dor, só dor.
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