Sobreviver a Si Mesmo
É aceitar-se como mar em fúria
e, ainda assim, mergulhar sem bóia.
É caminhar pelas próprias ruínas,
olhando as pedras e reconhecendo-se nelas.
Sobreviver a si mesmo é naufragar
e, no fundo escuro, encontrar
um fio de luz que você nem sabia carregar.
É suportar o peso da pele que te veste,
do coração que pulsa desobediente.
Não há manual, nem atalhos.
A sobrevivência é feita de quedas
e da arte de levantar-se,
não para vencer,
mas para olhar no espelho sem desviar os olhos.
É perdoar a sombra que te segue,
abraçá-la como parte do que és.
É escrever com o caos as linhas tortas
de um livro que só você pode ler.
Sobreviver a si mesmo é viver no descompasso,
no tropeço, na dúvida, na febre.
E ainda assim,
ter a audácia de acreditar que amanhã
há de caber mais vida em ti.
Comentários
Postar um comentário