Entre o Fim e o Começo
A madrugada se estende como um lençol velho,
marcado pelas dobras da inquietação.
Horas de olhos semiabertos,
o corpo em rendição parcial,
mas a mente teimosa: repete-se em sonecas curtas,
em labirintos de sonhos incompletos.
E então, sem aviso,
o amanhecer.
Ele chega como um intruso delicado,
espalhando luz pelas frestas,
empurrando a noite para os cantos da memória.
Há um fim na madrugada
que não é tristeza, mas alívio,
um recomeço que se veste de coragem:
levantar, mesmo que o peso ainda esteja ali.
Ir, apesar das pausas que pedimos ao mundo.
O amanhecer é a promessa de um pacto silencioso.
Ele não exige certezas,
apenas o gesto de abrir os olhos,
de tentar outra vez,
de ser, mesmo quando ser parece demais.
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