Amor Improvável
Te vi numa esquina de um dia qualquer,
com o cheiro do acaso grudado na pele.
Nada em você parecia meu,
nem os olhos, nem o gesto,
nem o silêncio que deixava escapar entre as mãos.
E ainda assim,
algo em mim cedeu.
Um tropeço interno, um ruído de portas abrindo
onde nunca houve corredor.
Era o seu riso –
um mapa que me levava ao inesperado.
Era o jeito de não caber na moldura,
de desviar das obviedades,
de existir fora do que eu sabia nomear.
Mas veja só,
eu, tão acostumada a resistir,
de repente decorando suas vírgulas,
como se você fosse livro antigo,
perdido no meu porão.
E agora estamos aqui,
num território que não pertence a ninguém,
procurando no outro
as sobras de um mundo
que nunca nos prometeu lugar.
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